quarta-feira, 8 de julho de 2009

Autarquias solidárias

Uma das características que mais aprecio em S.Brás de alportel reside no facto de existirem várias iniciativas e associações, algumas já com dezenas de anos, nascidas da iniciativa da sociedade civil. Entre as várias que existem com relevância na área da promoção do desporto, da ocupação dos tempos livres, etc.. destaco, hoje, o projecto do “S.Brás Solidário”.
Este projecto, relativamente recente, resultou da iniciativa de um conjunto de sambrazenses que, preocupados com situações de carência social no concelho, pretende promover, a partir da sociedade civil, o apoio a famílias e pessoas em dificudade, incentivando a solidariedade e o voluntariado..
S.Brás de Alportel é habitualmente considerado como sendo um concelho de gente abastada ligada ao sector da cortiça. Assim sendo, dizer que no concelho há gente que passa mal seria aparentamente um contrasenso.
Porém, há que não esquecer que nos últimos anos, o concelho tem vindo a ser habitado por muitas pessoas que vieram de fora e que fizeram desta vila o seu dormitório. Destas, muitas estão agora desempregadas ou, por qualquer outra razão, com menos rendimentos. Não é que estejam em estado de absoluta indigência, mas sofrem certamente dificuldades para pagar as suas rendas ou prestações da casa e do carro, os infantários dos seus filhos, os seus seguros, a água, luz e telefone, etc e isso repercute-se também no momento em que vão às compras. Depois, há também que levar em consideração os idosos, quantas vezes, a viver sozinhos e com reformas baixas.
Neste âmbito, o trabalho desenvolvido por este projecto “São Brás Solidário”, em particular, através da distribuição de cerca de 150 cabazes junto de famílias com carências momentâneas ou mais estruturais é de todo em todo assinalável.
Destaque-se, em particular, a importância da salvaguarda da discrição e da privacidade dos beneficiários que é muito importante e, em muitos casos, é mesmo a condição para o bom funcionamento deste projecto. Quem recebe o apoio em géneros ou de outra forma tem todo o direito de ver salvaguardada a defesa da sua imagem. O que se pretende não é publicitar quem recebe, nem quem doa, mas sim fazer funcionar uma cadeia de solidariedade. Se quem mais tem, pode dar, então, quem precisa tem todo o direito de receber e receber sem grandes alaridos ou discursos moralistas.
Neste âmbito, é muito importante que as autarquias locais potenciem uma maior intervenção da sociedade civil e não se esqueçam que a maior das suas finalidades não é, nem podem ser só as estradas, as rotundas, as requalificações urbanas, etc., etc..
A maior e mais excelsa finalidade de uma autarquia local está em ajudar a criar as condições para que os seus munícipes tenham uma boa qualidade de vida, independentemente do maior ou menor número de betão gasto.
Que se possa nascer, crescer, envelhecer e morrer, em condições de dignidade, incentivando a solidariedade entre gerações e contribuindo para a maior libertação de todas que é a libertação do nosso próprio egoísmo

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